O LAÇO




Recordar-me-ei para sempre daquele dia. As duas, sentadas muito solenes na sala de jantar como se fosse ocasião especial porque só íamos para aquele cómodo em alturas especiais. Havía uma bandeja de chá e um prato de bolos. Não sei porque não falávamos, mas não o fazíamos e estávamos as duas assim, constrangedoramente à espera uma da outra que desse inicio a uma conversa banal para pôr fim a um silêncio que arrefecía o chá. Olhaste-me, vi-te lágrimas, falaste tão baixo que quase tive dificuldade em seguir-te. Ou talvez não quisesse. O que me ficou foi o teu perfume. É essa a imagem que tenho de ti, um laço à volta do meu pescoço, uma fita muito suave e perfumada. E não preciso de mais nada.
 
 

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