Era um correria desenfreada pelos campos afora, os joelhos e os tornozelos, a barra da saia, tudo manchado de um ensanguentado à medida que passava e espezinhava, ía arrancando as papoilas que se acercavam à mão. Atrás vinha ele, invariavelmente com um caniço verde na mão vergastar o ar, silvando, lutando e ganhando contra monstros invisíveis.
Caíam depois à sombra de uma qualquer árvore a comer azedas, ele a tentar soprar nas folhas de uma erva para soltar assobios estridentes.
Confidências.
Depois o silêncio e a passarada.
Ficou-lhe na memória o cheiro das papoilas. Que não têm cheiro. Mas o cheiro dele, das corridas, das azedas mastigadas e cuspidas, do caniço a cortar o ar que até esse tinha o seu cheiro muito próprio, das conversas miúdas sem nexo e tão importantes no segredo que mantinham.
Lembra-se do cheiro das papoilas. É esse o único segredo que hoje tem.