PENSAR LAVANDA SER LAVANDA


 
 
Isso é só um papel de parede, nada mais que papel de parede, um bonito papel de parede, romântico papel de parede, como todos os românticos papéis de parede vai acabar por cansar.
 
Não. São flores. Flores que tiveram coragem de crescer pelas paredes, romper pedra e caliça, fazerem sorrir olhos e bocas, enfeitarem corpos deitados em amor vertical, vestirem paixões nas mãos escondidas entre folhagem e botões novos e aromas de endoidecer.
 
É papel de parede com flores, muitas flores, talvez flores em demasia, não tem cheiro, é papel.
 
São flores, são papel. E palavras em papel sempre serão flores. Por isso, fecha os olhos e sente o perfume.
 
 
 
 

APRE(E)NDER



Cheira-me a fome. Cheira a instinto. Cheira a obrigação. Religião, combate, infância, crença, caminho, destino, pão.
Cheira bem.
Cheira a carne. Cheira a sangue. Mulheres, mulher, mãe, querer ser mulher, querer ser mãe, querer cheirar bem.
Sentidos.
Sentido. Marchar, ir, crescer, apurar, perfumar.
Chegar.
Partir.
Deixar rastos de aromas.
 
 

AROMAS COMO CARNE DE VIDA




Nunca será tarde para sentir a cor do perfume, o âmbar das mãos, a saudade do gosto. Alimentos da alma como dos cinco sentidos, infâncias memoráveis, rosas frescas ou recordações apertadas nas pétalas escondidas entre páginas virtuais tudo será hoje e agora se eu quiser. Quero rosas porque quero sedas, quero carmim porque cheiro vida.